quinta-feira, agosto 28, 2014

Cultura de resiliência ajuda a construir marcas

"The only way to maintain an organization resilient is to let it reach its default limits and innovate by creating the conditions of a continuous shift of the curve of innovation. Constantly experimenting." Alma Dakaj 
Lendo este post Bathtub Curve of Innovation da Alma, me deparei com estas duas passagens deliciosas de ler e que fazem total sentido, quando procuramos entender o porquê que culturas que não estimulam a inovação interna prejudicam marcas fortes.
How much can you change without changing your identity? How much can you change before you become a different kind of person? How much can a city change before it becomes a different kind of a city? Or how much can you change a forest before it starts to look like a different kind of forest?"
...
The way you maintain the resilience of a system is by allowing it to reach its boundaries. The only way to make a forest resilient to fire is to burn it. The only way to keep children resilient to their environment is to expose them to the environment. If you keep children inside away from dirt and dust they will become very prone to all sorts of diseases. Why is it that you maintain a body temperature of 38 degrees? Because of ages of evolution developing the physical and behavioral feedback. The essence of resilience is to understand the feedbacks to keep a system self-organizing.” 
Vou explicar elas separadamente para fazer relação com branding e estratégia.
Na primeira passagem do Brian Walker, me faz lembrar e acabo fazendo uma relação com o princípio filosófico do Existencialismo, cujo Heidegger fala em seu livro "Carta para o Humanismo":
"Mas de onde e como se determina a essência do homem? Marx exige que o "homem humano" seja conhecido e reconhecido. Ele encontra-o na "sociedade". O homem "social" é para o ele o homem "natural".
E o que isto tem a ver? A resiliência parece brotar na pessoa conforme ela se descobre aos poucos a partir do contato com a vida, desafios, projetos e suas experiências e você vai se adaptando a novas circunstâncias. O "Eu não sabia que eu era capaz disso." é daí. Pois bem, numa cultura, como numa tentativa de cultura de inovação a presença da falha e a interpretação desta falha é preponderante para o sucesso. Temos que olhar as falhas dentro de um panorama controlado, enquadrando ele como experimento e bem enquadrada. Para assim, entendermos que a cultura - como a empresa, tem um ego, tem um ser e este ser é construído conforme há a evolução a partir de acertos e erros e modelações. Porque a empresa é um sistema vivo com identidade, comportamentos e atitudes.

O "ser" é produto do homem? O "ser" é produto de testes. Sua identidade vai sendo formada conforme você se relaciona. Para marcas, a identidade dela nasce de uma revisão de valores e autoconsciência, porém - como num ser humano, ela vai mudando e evoluindo e afinando (seja em processos internos, seja em produtos, seja na comunicação, seja em atitudes).

Marcas são produtos do meio? São por serem criadas por pessoas e cada pessoa responde (profissionalmente e pessoalmente) de um jeito diferente. Mas sobretudo são formadas e vivem no mercado, sendo a sociedade o seu meio quando fazemos o paralelo com o existencialismo. Então, que tipos de ensinamentos seu gerente tira quando pessoal de vendas erra? Ou quando o pessoal de TI deixa o sistema cair? Ou quando o pessoal de inovação faz erro no produto? Como você tem ensinado o erro aos outros? Você anda falhando melhor?

Cada empresa faz decisões. Não podemos ignorar isso. Agora entender motivações destas e buscar como podemos ser ágeis no aprendizado dos erros. Alma destaca de forma direta o que digo:
"Only the organizations which recognize vulnerabilities and integrate failure risk awareness in their product and mitigation capabilities to anticipate emergencies have chances to survive."
Daí o nascimento emergentes como a Inovação Aberta, da Co-criação, da Era do Consumidor, de estudos sobre UX (user experience), técnicas de prototipações e Empatia estarem tendo tanta importância hoje em dia. Se tornar aberto, é perceber que todos temos limites, mesmo que nossa cultura seja holocracia ou de ownership, e/ou com meritocracia. 



Nós conhecemos nosso limite? Certamente que não. Daí a importância de ter líderes com sensibilidade nas empresas que possam extrair e estimular o potencial nas pessoas ao invés de apenas cobrar e esgotar o funcionário. Através da criatividade e técnicas de inovação e investigação, e exemplos inspiradores, quanto de um propósito claro (vivenciado pela marca).

“A maioria dos líderes joga um jogo de curto prazo e coloca os interesses pessoais acima da instituição. Isso não é ser líder. Os líderes precisam ser emocionalmente inteligentes, criando valor compartilhado para os clientes e mobilizando as pessoas a partir do coração...Pense em quais são os valores que você exercita todos os dias. Não existe uma verdade universal. É preciso pensar sobre sua identidade, suas crenças e sua história." Bill George

Quanto que o ambiente muda nossa identidade? Quanto que o ambiente muda a identidade da marca? Muda constantemente. Basta percebermos o teor das respostas às crises e as novas empresas que nascem com propósitos e posicionamentos claros e modelos de negócios eficientes que focam no ser humano ou que nascem de propostas-causa como a Lema21, ou a Greentee ou do Tom Shoes

imagens:
http://anotherillustrator.files.wordpress.com/

jeffvankooten.com

################################################################################
Pra conhecer mais sobre resiliência e gestão deixo alguns links aqui abaixo

Gary Hamel e Jonh Hurrell escreveram coisas boas sobre empresas resilientes. Nestes links:
  1. http://www.evef.com.br/todos%20podemos%20ser%20resilientes.php e
  2. aqui
  3. http://www.gestaodepessoasmba.com.br/2013/05/a-mudanca-profunda-requer-resiliencia.html  
  4. http://raconteur.net/business/resilient-companies-succeed 
Destaco aqui duas passagens bacanas do Gary Hamel
"O momento agora é o de reinventar os sistemas de gestão para gerar inovação. Tudo se relaciona à criatividade, à maneira de atrair, treinar e desenvolver talentos que incorporem o modelo mental de inovação no seu dia a dia."
"Resiliência não é responder a uma crise - é antecipar e ajustar continuamente a novas tendências"

Estamos condenados a nos divertir?



quarta-feira, agosto 27, 2014

Curiosidade é o gatilho para melhorar a interpretação do contexto

Ter um propósito é fazer as pessoas quererem ser melhores: socialmente, profissionalmente e espiritualmente. Isto é o princípio básico da Economia do Propósito. Mantendo a curiosidade em aprender ou apenas melhorar da melhor maneira o que já faz. 

Lendo este post do The best leaders are pattern thinkers, me deparei com este lembrete, que me fez pensar no teor com que as pessoas definem que outras e empresas têm propósito.
"we (MUST-HAVE) are fascinated with anything that has the potential to impact our life. And if we are not curious about those things, then we’ll have no clue what its impact might be on someone else’s life. Passionate curiosity is indispensable, no matter what the job is. People who are passionately curious are alert, awake and engaged with the world and wanting to know more. People with this quality are sponges for information, for insights, wherever they are, whatever they’re doing."
Fala-se sobre potencial, mas o que penso é que o impacto tem que surgir primeiro em você. Nâo venho me convencendo que pessoas e empresas que apenas dizem, comunicam o que são seus propósito realmente o fazem. Se não o estimulam internamente seus funcionários a descobrirem seu próprio propósito como vão criar uma cultura de marca que construa, entrega e atraia um sentimento de propósito nas pessoas? 

Talvez a maior dificuldade do nosso tempo, pós-crise, de incerteza e instabilidade, de falta de confiança (até em nós mesmos), de buscar a segurança apenas no ROI e de responder ao mercado o que ele pede. Isto, irá dividir as empresas paulatinamente em Empresas de Reputação e Empresas de Compromisso. As pessoas vão perceber isso? Nem todas. 

Tudo é interpretação?
Quando leio trabalhos como Great Place to Work, eu imagino o quão aqueles dados representam os funcionários fielmente, a ponto de compreendermos que aquelas pessoas ali trabalham para manter uma cultura boa e saudável entre elas, ou trabalham por um compromisso maior e mais forte do que a sustentabilidade do negócio. Não é uma crítica, mas uma reflexão que me fez pensar que ambos os casos são buscas por um propósito, porém com orientações diferentes, motivações diferentes e lucros diferentes. E aqui não quero confundir propósito com objetivo: 


1-Uma empresa que se dedica a fazer mais e melhor o que faz;
ou,
2-Uma empresa que se dedica a fazer melhor, mas com compromisso social coletivo.

Ambos são empresas com valores. Ambos são empresas que buscam serem melhores. Ambos são empresas que querem crescer de forma sustentada e com sustentabilidade (mesmo que em teoria). Qual a diferença que vejo em cada uma?

Fazer com que as pessoas sejam despertadas intimamente. Como imagino que as motivações são tênues entre ambas, como significados entre "esperança" e "fé". Ou como "religiosidade" e "religião". Entender qual o compromisso cada assume não desmerece uma que tem mais ou menos propósito. Porque uma pode ser calcada em causa e outra em propósito. O que é perfeitamente normal. Ambas têm impacto social, mas com diferentes alcances e objetivos. Porém, desmistifica a idéia de que todo propósito precisa ser social. A empresa do primeiro item pensa o impacto social como consequência, a do segundo pensa o impacto social como principal condutor. De uma certa maneira é uma leve orientação entre e relação e transformação respectivamente.

A curiosidade, o ter e o ser
O ser humano sempre foi um curioso por necessidade ou por hobby. A diferença é que estes dois motivos estão cada vez mais entrelaçados e sem dúvida nenhuma a internet potencializou a possibilidade de escolhermos vivermos o que queremos viver e trabalhar ampliando as possibilidades de se viver plenamente. Como a curiosidade faz despertar uma ramificação em algum momento para buscarmos o poder e a vaidade (ilusão da posse), quanto a realidade do ser (autoconsciência de se sentir-se bem em seu limite).

Então, (quero acreditar que) certamente sua empresa tem um propósito, mas que tipo de interpretação e orientação você tem dele? Ou seja, aqueles que usam mindsets como o design thinking hoje podem ter até duas observações sobre o "uso" dele: 'Mudar como melhoria' e 'mudar para transformar'. Você deixa sobressair a engenharia/tecnologia sobre a arte sempre? Você deixa sempre sobressair o volume sobre o lucro?

Interpretação
Ao meu ver interpretar hoje em dia tem sido uma das mais difíceis tarefas do nosso tempo diante do excesso de opiniões, de certezas públicas e de falta de confiança que temos. Como sobreviver em uma cultura (social ou empresarial) sem confiança? Pela sua auto-capacidade em ser criativo e empreendedor buscando a sua parcimoniosa verdade. Mesmo que ela seja temporária. 


Como um tempo de verdades temporárias em que vivemos, isto me fez lembrar uma frase do Krishnamurti que li dias passados que me arriscaria a adaptá-la:

Quando condenamos ou justificamos, não podemos ver com clareza, e também não podemos fazê-lo quando nossa mente está a tagarelar incessantemente; não observamos então o que é; só olhamos nossas próprias "projeções". Temos, cada um de nós, uma imagem do que pensamos ser ou deveríamos ser, e essa imagem, esse retrato, nos impede inteiramente de vermos a nós mesmos como realmente somos.”

Para
“Algumas vezes quando decidimos inovar, não podemos ver com clareza, e também não podemos fazê-lo quando o mercado está a tagarelar incessantemente; não observamos então o que é; só olhamos nossas próprias "projeções". Temos, cada um de nós, uma imagem do que pensamos ser ou deveríamos fazer, e essa imagem, esse retrato, nos impede inteiramente de vermos o impacto gerado quando realmente somos essa imagem.”
Então quando leio do - Nas Mohamed, que para termos criatividade temos que nos separar um pouco do contexto "There's no wrong in creativity which means there's no boundary to what should inspire you. Sometimes pulling yourself away from the context of your work helps you find inspiration. Sometimes it turns out to be something simple." Na verdade, nos distanciamos para exercitar nossa empatia, tão bem quanto para enxergar padrões.

"Se as marcas têm o poder de mudar as vidas das pessoas" que tipo de mudanças você quer que elas façam? Se "somos aquilo que possuímos. É preciso atenção ao que possuímos." mesmo que sejam apenas interpretações.